Vinha estes dias a divagar no pensamento pela estrada
fora, e a aperceber-me do quão é bom poder pensar. Não há nada mais inteligente
do que ter uma conversa a sós com nós próprios e não há nada mais bonito do que
tu. A combinação dos dois então... Divinal. Um pensamento sobre ti é quase tão
bom como um pensamento teu. Quem me dera ser astronauta desse teu planeta a
milhões de km de distância. Saber o que te vai na alma. Entretanto, estás a anos-luz
e mesmo assim contínuas por aqui. Quem me dera que continuasses por aqui. Só
tenho olhos para ti e não há nada mais efetivo e racional que a expressão “Só
tenho olhos para ti” na boca de alguém com saudade. Por todo o lado, tudo o que
vejo, tudo o que ouço adquire a tua forma. Quer seja um individuo da tua
altura, que tem um corte de cabelo parecido com o teu ou até um casaco cinzento
como tu tinhas, o teu perfume, uma memória que insistem em recontar vezes e
vezes sem conta, e mesmo que nem faças parte dela, eu vou-me lembrar de ti, pois
podias ter residido nela, porque, “Só tenho olhos para ti”. Moras-me na visão,
no olfato, na audição. Um dia proponho-te a alugares um t1 no meu paladar e tato.
Pois de que servem os sentidos se não forem para serem sentidos de ti.
E vinha eu a divagar no pensamento pelo estrada fora, a
ouvir uma música que nem tem que ver contigo mas que de qualquer das formas me
fazia lembrar de ti, e apercebi-me que todas as partículas do meu corpo lutam por
mais um minuto contigo. E eu não sei, não sei se é loucura ou se a falta dela
(porque tu fazias-me uma louca), mas a mínima coisa que exista no meu caminho
vai sempre trazer-te à tona. E eu acho que nunca vou deixar que te afogues em mim.
Por isso eu defino-te como um música quase a findar. Parece que tudo vai
terminar a qualquer instante contigo e que cada instante contigo pode ser o
último. Defino-te também como a minha música por inteiro e dou-te o nome AZ:
porque tudo o que começa finda contigo.
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